
25/09/2025 16:37
Com o objetivo de educar, além de garantir o ambiente seguro e saudável para os atletas e o público em geral, a Federação de Futebol do Estado do Rio de Janeiro reuniu os filiados na sede da entidade, na tarde desta quinta-feira (25/09), para a 1ª Reunião de Comportamento dos Pais em Competições de Base onde foi criado o Protocolo de Ação contra a Violência Verbal.
No encontro, foram discutidos temas para melhorar a educação de familiares e torcedores nos jogos de crianças e jovens, além de enfatizar como eles podem influenciar negativamente ou positivamente no desenvolvimento dos atletas.
- Infelizmente, tivemos episódios recorrentes de mau comportamento de pais e torcedores em jogos de base. Esses fatos têm nos preocupado bastante, principalmente com a segurança de todos que estão participando dos eventos, além da formação desses atletas - afirmou Marcelo Vianna, Vice de Competições da FERJ, que comandou a reunião.
Marcelo ressaltou que o objetivo dos encontros é evitar que se fechem os portões para os jogos de base.
- O Rio ainda é um dos poucos estados que colocam torcidas divididas nos estádios. E queremos seguir dando exemplo desde a base. Portanto, estamos criando um protocolo de comportamento para prevenir problemas que pais ou torcedores mal educados possa comprometer as partidas e o desenvolvimento dos atletas. As competições de base não só formam atletas, mas cidadãos. Esse comportamento ruim dos familiares prejudica o desenvolvimento dessas crianças e jovens - enfatizou.
Cleytuil Santos, coordenador do Campeonato Metropolitano (Sub-11 ao Sub-14), também foi um dos participantes da reunião. Ele lembrou sobre a importância do bom comportamento nas arquibancadas.
- A ameaça a segurança dos envolvidos na partida compromete na imagem da competição. Essa reunião é mega importante para que a gente possa entender a realidade de todos os participantes (clubes, pais e organizadores), para que possamos sempre zelar pela formação de crianças e jovens, tanto no esporte, como tambem para a sociedade. O objetivo é garantir um ambiente saudável. Educar e sensibilizar todas os que participam das competições de base - disse Cleytuil, parabenizando a iniciativa.
- Mais uma vez a FERJ se mostra pioneira no futebol. Assim como fez na implementação das categorias de base do futebol feminino. A CBF e outras Federações seguiram o exemplo da FERJ - frisou.
Um protocolo de medidas foi criado para inibir e evitar problemas extracampo em jogos da base. São eles:
1º passo: Paralisação da partida.
O árbitro vai parar o jogo e comunicará ao delegado a existência de violência verbal e continuada. O delegado terá de pedir aos integrantes da comissão técnica dos clubes que devam advertir o infrator a cessar as ofensas.
2º passo: Suspensão temporária da partida:
Persistindo a violência verbal, após a advertência anterior, o árbitro suspenderá temporariamente a partida, convidando as equipes a deixarem o campo e se reunirem junto ao banco de suplentes. Tendo como prazo limite de 10 minutos para cessar os atos de falta de educação.
3º passo: Suspensão definitiva da partida:
Se os autores dos atos de violência não puderem ser retirados ou identificados, ou ainda forem reproduzidas novas hostilidades, já tendo sido aplicadas medidas anteriores, o árbitro suspenderá definitivamente o jogo. A situação será relatada em súmula e será analisada pela Comissão Disciplinar da Competição.
O ex-atleta Vinícius Pacheco, foi um dos palestrantes do evento e elogiou o encontro.
- Tenho um filho de 14 e um de 11, que são atletas. Todo pai acha que a culpa é da arbitragem e do treinador quando o filho não tem um bom desempenho. Porém, não mostra o que o filho tem de errado, onde ele tem que melhorar no desempenho para ser um atleta. Os pais ou torcedores têm de entender que as crianças ou jovens ainda não tem maturidade para certas atitudes. Por isso, o exemplo tem de vir de casa. O problema é que os pais cobram dos filhos como se cobra de um jogador profissional. Hostilizam as crianças e isso prejudica muito até mesmo no desenvolvimento como pessoa. Já vi casos de árbitros terem de parar o jogo, pois a crianças começam a chorar. Isso tem que acabar – salientou o ex-jogador de Flamengo, Grêmio, Fortaleza, Boavista, Volta Redonda, Boavista, Avaí-SC, entre outros.
Vinícius deixou uma mensagem para os pais-torcedores:
- Os pais têm de ser parceiros dos filhos. Nem sempre ele vai vencer. Mesmo nas derrotas, tem que dar forca para que se sintam seguros. A cobrança excessiva do pai, como xingar, não vai agregar nada ao filho. Todo mau comportamento vai respingar no filho. Categoria de base é um processo. Além disso, os pais têm que entender que nem todos vão virar jogador profissional, mas se tornar bons cidadãos. E isso também é uma vitória da vida. Ser útil à sociedade, independente do que vai fazer como atividade – ressaltou.
Por vídeo conferência, a outra palestrante, a psicóloga Maíra Ruas, agradeceu a FERJ por promover a reunião e frisou as consequências da má formação do caráter do filho/atleta.
- Sabemos como é difícil lidar com a expectativa dos pais. Os mesmos não tem consciência do quanto influenciam no emocional dos filhos. Esse comportamento ruim na arquibancada não ajuda em nada. Estão punindo e criando Burnout nas crianças. Nosso cuidado é para que não atrapalhe a formação desse jovem. É importante que os clubes conversem com os pais. Prestar atenção também nas redes sociais. Isso pode interferir positivamente ou negativamente no atleta e no evento também – alertou Maíra, que já trabalhou no Botafogo, Vasco da Gama, Cruzeiroe na CBF. Atualmente, a psicóloga está no Comitê Olímpico Brasileiro (COB).
Os representantes dos clubes participantes também fizeram sugestões. São elas:
- Fazer campanhas, como faixas e panfletos durante as partidas, na prevenção e conscientização dos pais e torcedores sobre a boa educação nas arquibancadas.
- Organizar com maior frequência palestras com pais e responsáveis das crianças e jovens sobre a importância da educação dos mesmos na formação como cidadão e como atleta.
- Nomear ou selecionar pais que possam ser representantes dos responsáveis dos jovens e crianças nas reuniões sobre o comportamento nos jogos.
Novos encontros deverão ser organizados pela FERJ para que cada vez mais se melhore a segurança nos jogos.
- Não vamos encontrar o cenário perfeito ou encontrar todas as soluções somente com uma reunião. Esse é apenas um primeiro passo para que possamos ter o melhor ambiente possível nos jogos de base – encerrou Marcelo Vianna.
Agência FERJ